sábado, 21 de maio de 2011

Queria dar-te um sorriso e ele não sai...esta nostalgia não se despega de mim...eu raspo e raspo mas ela qual cola resistente não sai. Tenho saudades de mim...da gargalhada fácil e limpida no tempo em que havia segredos e sonhos...agora só saudade...e a dor de ver os dias escorrerem lentamente pela vidraça da minha vida...Tudo está tão baço...tão cinzento...tal como os nossos velhos descartados pela família e pela sociedade.


Queria dar-te um sorriso, mas apenas me sai um soluço...pela impotência de nada poder fazer...e queria tanto gritar que a vida não é isto...e apertar a tua mão e dizer o quanto me ensinas meu velho, com a tua experiência de vida que agora é todos os dias humilhada pela indiferença dos outros. E este lamento é apenas o desabafo de ver a vida passar...lenta, triste... e revejo-me na tua desilusão na tua triste solidão. no teu silencio impotente. Da minha janela olho a rua e a janela do outro prédio onde uma velhinha pendura todos os dias quase religiosamente a gaiola do seu pássaro companheiro... A gaiola da tua vida afinal...De onde não pode sair e de onde ninguém te solta... E ao longe de mansinho, muito de mansinho sentem-se uns passos que vem e que te farão finalmente tropeçar no infinito...Queria tanto dar-te a mão e um abraço muito forte porque todos os dias te acompanhei da minha janela....Afinal sem o saberes não estavas só...